Contos Tradicionais

Entendemos por conto tradicional de transmissão oral uma história relativamente curta, cujas sequências narrativas se articulam por encadeamento com uma ordem cronológica sequencial dos acontecimentos, protagonizados por um número reduzido de personagens, num tempo e espaço indeterminados, cujo método de transmissão é oral e foi contado e escutado ao longo de várias gerações.

Local da Recolha: Rua do Mago Nunes, Sítio da Igreja

Freguesia: Camacha

Informante: João Carlos de Jesus Rodrigues

Data: 8 de janeiro 2018

Nós Todos os Três

Eram três rapazes que não sabiam falar. E então um decidiu ir ao Funchal. Quando chegou à cidade do Funchal, chegando lá, a primeira palavra qu’ ele ouve é “nós todos os três”. E ele voltou para casa a dizer:

– Nós todos três, nós todos os três!

E os outros como viram que ele já sabia falar, o outro decidiu tamém arrencar p’ao Funchal. Chegou ao funchal ouviu a primeira palavra “um alqueire de sal” “um alqueire de sal”. Chegou a casa já sempre a falar:

– Um alqueire de sal!

E então o terceiro, como os dois já estavam a falar, o outro decidiu também ir ao Funchal. Chega ao Funchal, sai do Funchal, ouviu dizer “é assim mesmo que se faz!”. Chegou a casa:

– É assim mesmo que se faz!

Todos três a pensar que já sabiam falar, vamos todos três p’à cidade. Chegaram ao Funchal, nisto viram uma confusão, uma confusão, aproximaram-se e viram que era um homem que estava morto no chão. E eles todos os três ficaram lá. Nisto chegou a polícia e disse assim:

– Quem é que fez isto?

O primeiro disse:

– Nós todos os três!

– Porquê?

– Um alqueire de sal!

– Vocês vão presos!

– É assim mesmo que se faz!

Nota: O informante, João Carlos de Jesus Rodrigues, é filho da Sr.ª Áurea Rodrigues com quem aprendeu a história.

Nas palavras do informante: “A minha mãe contava quando a gente era-se pequeninos, ‘tava-se todos em casa. O nosso passatempo era histórias, onde a minha contava a história de três rapazes que não sabiam falar.”