A abertura do meio musical madeirense ao mundo foi um processo lento, dificultado pela realidade do nosso país nos finais dos anos setenta, início de oitenta. A televisão ainda estava numa fase muito incipiente e apenas as estações de rádio permitiam ouvir a música recente. No entanto, os critérios de seleção musical nem sempre eram os ideais.
Ficavam assim os discos a funcionar como veículo primordial de divulgação, ressalvada a barreira do preço.
A influência de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e outros atrás referidos teve um grande peso, mas havia ainda outro meio de trazer até à ilha as novidades do mundo: a hoje muito esquecida revista Mundo da Canção nos anos 70. Pelas suas características de divulgadora do que se ia passando no estrangeiro e no país, ajudou muitos a terem uma noção mais real do que se ia fazendo.
Em 1981, do cruzamento destas influências, surgiu o grupo de intervenção cultural com a designação de Algozes como o objetivo de procurar as suas raízes e reforçar a identidade regional. Os fundadores deste grupo foram: João Viveiros, José Camacho, Rui Camacho e Eleutério Corte, Carlos Pereira. A estes juntaram-se João Luís Aguiar, Joel Camacho Ezequiel Pereira, Guida Batista, Fátima Vasconcelos, Rui Alas, Jorge Martins.
O nome foi escolhido um pouco por acaso, sem uma intenção muito clara de levar a cabo o tipo de intervenção que ele invocava. Numa primeira fase, o seu reportório era formado por temas populares e tradicionais, a par de composições de cariz tradicionalizante de autoria de João Viveiros, elemento do grupo, à imagem dos seus congéneres continentais.
A sua primeira atuação foi em Abril desse ano, no Colégio de Santa Teresinha, Funchal, no âmbito do concurso “Vamos a Isto”, organizado pelo MECM. De seguida atuaram nas comemorações do “1º de Maio” partilhando o palco com Zeca Afonso. A 2 de agosto, participaram no III Festival Musical do Faial, (Madeira) com dois temas originais de intervenção cultural, música e letra de João Viveiros, como o objetivo chamar a atenção para aspetos que nos diziam respeito: a cultura e o meio ambiente.
Aos poucos, alguns dos elementos do grupo começaram a efetuar deslocações pela ilha, recolhendo canções tradicionais. Nesta primeira fase, havia uma noção da importância deste trabalho, mas não havia ainda uma consciência da necessidade de seguir as regras próprias do trabalho de recolha. Deste modo, o arquivo da Associação Xarabanda conserva as suas primeiras cassetes, onde é patente a ausência de preocupações técnicas. Estes primeiros tempos correspondem a uma fase de entusiasmo pela descoberta da tradição musical, não só através das saídas para o campo, mas também pela oportunidade que elementos do grupo tiveram de consultar as bobines depositadas na Direção Regional de Assuntos Culturais, resultantes dum trabalho de recolha efetuado por Artur Andrade e António Aragão, na primeira metade dos anos setenta.
Ao fim de dois/três anos, foi decidido abandonar os temas originais, assumindo-se a opção de ir buscar o reportório exclusivamente à tradição. Como frequentemente acontece com os inovadores, não foram raras as ocasiões em que o público os encarou como perfeitamente desenquadrados, ‘atrasados’, tocando e cantando coisas antigas e sem interesse. Apenas com a persistência foi possível ir conquistando o respeito da generalidade da população.
Em Novembro de 1985, deslocou-se ao Estoril, primeira saída da Região, a fim de participar na ‘Semana da Madeira’. Foi a primeira de muitas deslocações ao Continente e estrangeiro. Hoje, conta com deslocações a Venezuela, África do Sul, Bélgica, França, Malta, Chipre, etc. Em Portugal, o grupo já efetuou atuações em Lisboa, Coimbra, Porto, Loures, as ilhas de S. Jorge, S. Miguel, Terceira (Praia da Vitória, Açores), etc.
Com o tempo, foi-se afirmando a imagem dos Algozes / Xarabanda.
No ano letivo de 1987/88, teve lugar, pela primeira vez, uma atividade que se tem repetido com frequência e à qual a Associação atribui grande importância. O relacionamento com o da Secretaria Regional de Educação tem sido sempre muito bom e os elementos do grupo têm efetuado inúmeras sessões em estabelecimentos de ensino, numa iniciativa do então Gabinete de Apoio à Expressão Musical e Dramática, designada Atividades Culturais no Ensino Primário, em que interpretam algum do seu reportório, além de darem a conhecer os instrumentos musicais madeirenses e a importância da tradição cultural madeirense em geral. Nesta primeira experiência, estiveram presentes em escolas Primárias de São Vicente, Câmara de Lobos, Estreito de Câmara de Lobos, Ponta do Pargo e Arco da Calheta. No ano seguinte, coube a vez à Camacha e Santa Cruz.
Em 1989, teve lugar a gravação do primeiro trabalho discográfico. Tratava-se de um LP, a que se deu o título de «Tocares e cantares tradicionais da Madeira». Incluía um total de onze cantigas tradicionais, interpretadas de forma o mais próximo possível das versões originais e usando instrumentos tradicionais. Grande parte do repertório apresentado neste disco é constituído por recolhas do próprio grupo efetuadas em
1981/82/86 e as restantes temas são recolhas realizadas por António Aragão e Artur Andrade, que pertencem ao arquivo fonográfico da então DRAC. Podemos dizer que a intervenção mais significativa resulta de uma adequação das cantigas às regras musicais eruditas.
Dos objetivos do grupo expressos na contracapa do vinil, refira-se que, era a intenção de chamar a atenção para a importância dos tocares e cantares tradicionais madeirenses, criar um novo espaço de intervenção musical de forma diferente e participativa. Definir uma alinha estética de acordo com a expressão popular, dar o lugar que a música merece e quanto ela significava para o grupo. Explorar e desenvolver outras sonoridades instrumentais.
Até esta data, a atividade do grupo consistia em atuações pontuais, pelo que a denominação não era um problema de fundo. Nesta ocasião, foi debatida a questão do nome. Quanto à mudança do nome deveu-se a tomada de consciência dos elementos do grupo da importância que o nome tem, como forma de comunicação do trabalho que pretendiam desenvolver. Associar o nome à música tradicional madeirense e também, chamar a atenção do género Charamba, canto improvisado em vias de extinção.
Agora, com um disco editado, o nome que dele constasse iria ficar para a posteridade, pelo que se impunha uma reflexão séria. Por estes motivos, e também de maneira a criar condições para uma atividade futura com outras condições, a opção foi criar uma Associação e dar-lhe o nome de Xarabanda. Nasceu assim a Associação Musical e Cultural Xarabanda em 1990, registada na Conservatória do Funchal, do Registo Comercial, de pessoa coletiva com personalidade jurídica, sem fins lucrativos. Os elementos que aderiram e assinaram a escritura da constituição, com a denominação de Associação Musical e Cultural Xarabanda, no dia 5 de julho de 1990 na Secretaria Notarial do Funchal foram: João Manuel Almeida Viveiros, José António Soares Camacho, Jorge Manuel Gouveia, Helena Maria da Silva Barbosa Camacho, Luís Alberto Gouveia Nunez, Mário André Nóbrega Rosado, Maria Isabel da Silva Gonçalves, Maria do Carmo Lemos Vieira Gouveia, Rui Alberto Camacho Virgílio Nóbrega Caldeira. Os objetivos referem: o gosto e a competência pela investigação no domínio da cultura tradicional, a recolha divulgação da música tradicional madeirense, o ensino dos cordofones regionais da traição popular, ações de formação e sensibilização sobre música popular e tradicional regional, assim como, organizar e editar um cancioneiro de tradição oral madeirense.
Objetivos e fins da Associação: a pesquisa e investigação da música tradicional; ensino de instrumentos musicais da tradição madeirense; ações de formação na área da música e dos instrumentos populares madeirenses; editar um cancioneiro popular de tradição oral do Arquipélago da Madeira
Nesta fase, a atividade da Associação consistia na realização de espetáculos musicais e, com alguma irregularidade, recolhas de música tradicional pela Região, com intuito de dar continuidade a um dos objetivos propostos nos estatutos: recolher, sistematizar divulgar e editar um Cancioneiro Popular de Tradicional Oral Madeirense.
1990, O grupo apresenta-se com uma nova formação e mudança de nome para Xarabanda, expressando no subtítulo a ideia definida dos seus objetivos como um Grupo de Recolha e Divulgação do Cancioneiro e Romanceiro Tradicional Madeirense, com sede na Rua do Pombal, nº 13, Funchal.
Em setembro de 1990, após a participação no “ VII Curso de Formadores de Etnografia e Folclore” organizado pelo INATEL sob a coordenação do Prof. Tomaz Ribas.
Em outubro de 1991, pelo reconhecimento do trabalho importante realizado no domínio da cultura tradicional, pela Associação Xarabanda, o INATEL convidou a Associação Xarabanda, a participar no 1º Congresso Internacional de Folclore, em Lisboa, com a comunicação intitulada, “Da recolha à divulgação – uma experiência”.
A partir de 1991, dá-se início a uma nova fase do Xarabanda. Mantendo a primazia do trabalho musical, alargou-se o âmbito do trabalho a outras áreas da cultura tradicional, como o artesanato, as festividades etc.
Desta nova opção resultou, em maio de 1992, sob proposta do associado Jorge Torres o aparecimento da Xarabanda Revista com o propósito de divulgar aspetos da etnografia madeirense. Numa primeira fase, foi de publicação semestral, tendo depois passado para anual, situação que se mantém atualmente, embora com algumas irregularidades provocadas pelas recorrentes dificuldades de financiamento. Nos primeiros números, a sua Direção esteve a cargo de Jorge Torres, do nº 1 de 1992 ao nº 4, primeiro semestre de 1994, passando posteriormente para Rui Camacho a partir do nº 6, segundo semestre de 1994 a nº 18 de 2010. Esta nova iniciativa permitiu, além de alargar o leque de temas tratados, ser mais um instrumento de divulgação da música madeirense, dos seus instrumentos e de trabalhos de recolha efetuados. Alguns dos trabalhos nela publicados tornaram-se fontes indispensáveis para qualquer investigação musicológica efetuada na Madeira.
O ano de 1992 foi marcado pela digressão à Venezuela. Em duas semanas, o país foi percorrido, com atuações nos principais centros de imigração madeirense.
A preparação destes espetáculos levou a um intenso trabalho de renovação de reportório que, após sucessivas apresentações públicas, resultou, em boa parte, no segundo disco do Xarabanda, editado em 1994. Foi o primeiro a ser editado em formato de CD e teve o título de ‘Longe da vista me vai…’ Foi uma edição da própria Associação, infelizmente mais tarde ‘perdido’ para a maioria do potencial público, em consequência de uma infeliz cedência dos seus direitos a uma grande editora, muito preocupada com exclusividade de direitos e muito pouco preocupada com a música madeirense.
Durante o ano lectivo de 1993-94, e graças ao excelente espírito de colaboração com a Secretaria Regional de Educação, foi possível ter a tempo inteiro no Xarabanda um professor que ajudou a viabilizar muitos dos projetos da Associação, pendentes por falta de disponibilidade dos seus elementos. Um projeto concretizado como apoio da SRE foi a elaboração de uma pesquisa bibliográfica sobre a cultura tradicional, de que resultou, em 1995, a edição pela SRE do livro ‘Para uma Bibliografia madeirense. Cultura Tradicional’, de autoria de Jorge Torres.
Em janeiro de 1994, a Direção Regional de Turismo, reconhecendo a crescente atividade representativa da tradição musical madeirense desenvolvida pelo Xarabanda, convidou o grupo a integrar no programa de ação em prol da promoção da Madeira na Bolsa de Turismo de Lisboa.
Em junho de 1994, aproveitando o lançamento do segundo disco em CD intitulado Longe da vista me vai, foi organizado um conjunto de eventos alusivos à música tradicional madeirense, a que foi dado o título genérico de Ao Encontro da Música Popular. Além de um espetáculo de apresentação, houve um convite especial feito ao musicólogo José Lúcio autor de diversos programas sobre esta temática na RTP. Este participou em atividades didáticas com alunos de escolas do segundo ciclo, intitulado “Brinquedos e Instrumentos Musicais do Ambiente Tradicional Português” , além de realizar um colóquio e debate aberto ao público sobre “Música Tradicional Portuguesa”, finalizando com um concerto, no Auditório da RDP-Madeira, sobre o tema “ Timbres e Dignidade dos Instrumentos Tradicionais ”.
Aproveitando o lançamento do disco acima referido, a CMF convidou o grupo para integrar no programa da 20ª Feira do Livro com um concerto no Jardim Municipal.
O ano de 1995, em termos de atividade musical e deslocações ao estrangeiro, foi um ano muito produtivo. Foi marcado pela reedição em CD do primeiro disco, ‘Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira’, e também pela edição de uma coleção de postais ilustrados representando os principais instrumentos da tradição musical da Madeira. Esta última iniciativa teve lugar no âmbito da segunda edição de Ao Encontro da Música Popular. Incluiu um espetáculo no Casino da Madeira, com a participação do Xarabanda e de dois grupos convidados: Toque de Caixa e Realejo; o lançamento de duas novas edições: a referida coleção de postais e o livro ‘Recolhas Xarabanda I – Romances Tradicionais e Cantigas Narrativas’. Este contém as transcrições de texto e melodia de todos os romances e cantigas narrativas recolhidos pelos elementos do Xarabanda até à data. A sua classificação resultou de uma fundamental colaboração do Doutor Pere Ferré, da Universidade Nova de Lisboa. O programa ficou completo com um colóquio sobre etnomusicologia, que teve a participação de Salwa Castelo-Branco e Jorge Castro Ribeiro.
Estava previsto no âmbito do Encontro, mas apenas teve lugar algumas semanas depois, por atraso na entrega do material por parte da fábrica, o lançamento de um CD com recolhas efetuadas pelo Xarabanda na Camacha, com a D. Maria Ascensão.
Inseridas nas comemorações de aniversário da instituição Banco Madeira junto das comunidades madeirenses, o grupo Xarabanda deslocou-se em outubro a África do Sul para atuar nas cidades de Pretória, Joanesburgo e Cidade do Cabo, de 27 de outubro a 6 de novembro o grupo viajou para Venezuela.
A DRTC convidou o grupo Xarabanda para uma série de concertos integrados no Festival da Madeira a fim de promover a Madeira e seus produtos em Bruxelas De 16 a 22 estiveram em Bruxelas integrados no 1º Festival de Promoção Turística da Madeira a convite da SRTC.
Em 1996, teve lugar a terceira edição de Ao Encontro da Música Popular. Desta vez, foi a Galiza o tema escolhido. Estiveram no Teatro Municipal do Funchal os galegos Carlos Núñez, Leilía e Chouteira, além da Brigada Vítor Jara e Xarabanda. Em paralelo, teve lugar no mesmo local uma conferência sobre música tradicional da sua região e uma exposição de instrumentos tradicionais, no salão do Teatro Municipal do Funchal.
Em 1997, o trabalho do Xarabanda teve mais um reconhecimento, desta vez vindo do Continente. A associação foi convidada a colaborar numa edição de 6 CDs publicados pelo Jornal de Notícias, do Porto. A obra foi coordenada por José Alberto Sardinha e tem o título Portugal raízes musicais. O sexto disco é dedicado ao Algarve e Ilhas, sendo a parte madeirense composta, entre outras, por algumas recolhas do seu arquivo. O texto do folheto que acompanha o disco é de autoria de Rui Camacho e Jorge Torres. Neste mesmo ano, foi gravado um novo CD do Xarabanda, Sete dúzias de mentiras.
Em 1998/99, com a intenção de consolidar a sua missão em defesa das diferentes práticas musicais e seus instrumentos da tradição popular madeirense, chegou o momento de concretizar um dos objetivos importantes com o apoio da SER e GCEA: ação de sensibilização “A Música Popular e a Nova Escola”, nas escolas do 1º e 2º Ciclos da Região Autónoma da Madeira, coordenado pelo Professor de Educação Musical em parceria com Rui Camacho. A ação decorreu no espaço próprio escolar interagindo com os alunos e professores de educação musical, vendo, ouvindo e falando da música e dos instrumentos populares de tradição madeirense.
Em setembro de 2001 o grupo Xarabanda participou no “II Festival de Música Tradicional” em Macedo de Cavaleiros.
No âmbito do Contrato-Programa de cooperação financeira, celebrado entre a SRTC através da DRAC a fim de assegurar um serviço público de reconhecida utilidade pública, no domínio da cultura tradicional e dar continuidade ao levantamento do Cancioneiro Popular de Tradição Oral regional, visando a salva guarda e divulgação que diz respeito à identidade insular.
Em 2002, foi concretizado um projeto de longa data: a edição de um disco temático, integralmente preenchido com versões de cantigas do ciclo do Natal – Cantigas ao Menino Jesus. Natal tradicional madeirense.
Nestes últimos dez anos, a Associação tem prosseguido um trabalho de sistematização, que tem contado frequentemente com a colaboração da SRE, através do destacamento de docentes. Tem sido um trabalho intenso e importante mas que, sendo essencialmente de gabinete, nem sempre se torna visível antes da concretização de edições que são colocadas à disposição do público em geral.
Projeto de documentação etnomusicológica da música popular e tradicional madeirense que será desenvolvido por quatro elementos, sendo dois investigadores do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa, Salwa Castelo Barnco e Jorge Castro Ribeiro e dois da Associação Xarabanda, Jorge Torres e Rui Camacho
Houve um primeiro projeto, em colaboração com o Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa, que consistiu na realização de recolhas por toda a Região. Desse trabalho iriam resultar dois discos compactos, um deles a editar pela UNESCO. Concluído o trabalho de seleção de faixas, transcrição de textos e comentários, a Associação aguarda notícias do INET, que assumiu, entre outras, a responsabilidade pelos contactos tendo em vista a edição.
Outro projecto de longa data, e que vem sendo feito há muitos anos, é a transcrição e processamento informático de todas as recolhas do arquivo da Associação. O seu grande número e, nalguns casos, as condições técnicas pouco ideais dos registos têm feito com que essa tarefa se venha prolongando no tempo, estando agora quase concluída, mais uma vez graças à colaboração do Prof. Aquilino Domingo da Silva.
O terceiro grande projecto de sistematização diz respeito aos instrumentos musicais. Depois de muitos anos dedicados à recolha de informação, houve um primeiro trabalho editado sob a forma de postais ilustrados, acima referido. Estando-se então ainda numa fase de recolha de informação, aquela iniciativa destinou-se a tentar dar uma resposta às solicitações de muitos docentes, que tinham grandes dificuldades em obter elementos para utilização nas suas aulas. A boa recetividade levou a que rapidamente se esgotasse.
Em 2002, num segundo momento deste projeto, foi elaborado um poster dedicado aos Instrumentos Musicais Populares da Madeira. Tem objetivos essencialmente didáticos e apresenta os principais instrumentos, agrupados pelas suas famílias, com fotos e alguns dados sumários de afinação.
Presentemente, está a ser concretizada a última fase do projeto, para edição em livro e / ou CD: um estudo exaustivo dos instrumentos, com as suas características, origens, evolução histórica, reportório, processo de construção, etc.
Em resumo, podemos afirmar que tem sido, muitas vezes, a Associação Xarabanda a substituir-se às entidades oficiais a quem deveria incumbir a função, no sentido de recolher, preservar, estudar e divulgar a tradição musical madeirense. Trata-se de um trabalho estruturante de extrema importância e que apenas é possível avaliar com rigor através de uma visita à sua sede.
Este trabalho será entregue na DRC em julho de 2016
A 3 de Julho de 2002, considerando que associação presta um serviço público, desenvolve atividades de recuperação, de promoção e divulgação do património musical da tradição madeirense, o crescente desenvolvimento das suas atividades envolvendo não só em benefício dos associados mas igualmente da população em geral, cooperando com a Administração nos seus objetivos de recolha e divulgação do património cultural imaterial da tradição madeirense, o Conselho do Governo Regional da Madeira, declarou de utilidade pública a Associação Musical e Cultural Xarabanda, nos termos do Decreto Regional, Nº 26/78/M, da resolução nº 967/2002.
No ano lectivo de 2003/03 em parceria com o professor de Educação Musical, Vítor Sardinha, destacado nesta associação para desenvolver uma ação de sensibilização musical denominada “Práticas Musicais Madeirenses” para alunos do 2º e 3º ciclos do Ensino Básico das escolas da Região Autónoma da Madeira. O tema apresentado ao s alunos, decorrente do período de 1850 a 2000, revelou novos dados da História da Música na Madeira nunca abordados em aulas de Educação Musical.
Em 2004, alguns músicos do Xarabanda participaram no projeto Vis Musicae – il Parco Sonoro tra i Due Meri “Poetrarcantando nel mediterraneo”.
Durante oito anos (2004 a 2011) a Associação desenvolveu na sua sede aos sábados, um projeto turismo cultural em parceria com a Agência TUI. Estas sessões têm como objetivo divulgar aos turistas alemães que visitam a Madeira aspectos das tradições musicais e respectivos instrumentos.
No ano de 2006 a população madeirense em geral mostrou também o seu apreço através da votação que decorreu ao longo do e que culminou com a atribuição do prémio Gala RTP-Madeira / Diário de Notícias no sector da Música.
No mesmo ano de 2006, a Secretaria Regional de Turismo e Cultura considerou a atividade desenvolvida pela Associação Xarabanda de Interesse Cultural para a Região.
No ano letivo de 2007/08 de acordo com o objetivo consignado, no ponto b) dos Estatutos da associação: ensino de instrumentos musicais típicos da Região, (viola de arame, rajão e braguinha) o associado e professor de Educação Musical, Roberto Moniz elaborou e apresentou um projeto – Escola de Cordofones Tradicionais
Madeirenses, com a finalidade de proporcionar o conhecimento junto dos praticantes e contribuir para a sua salvaguarda enquanto património cultural da Região a defender, Em 2008, Projeto de parceria com GCEA, edição do primeiro CD-ROM sobre Instrumentos Musicais da Tradição Popular Madeirense.
Em 2009, para viabilizar o projeto de sistematização do Cancioneiro Tradicional em curso Em 2010, através da AMCXarabanda, Jorge Torres e Rui Camacho, colaboram com entradas sobre géneros musicais da tradição e músicos que se destacaram no panorama musical madeirense para a Enciclopédia da Música em Portugal no séc. XX”. Obra coordenada pela Professora Doutora Salwa Castelo Branco da Universidade Nova de Lisboa
Em 2011 a SREC/DRE/GCEA reconheceu e atribuiu o prémio Educação Artística 2011, à Associação Xarabanda pelo papel relevante de promoção das suas atividades de sensibilização sobre o património musical tradicional nas escolas do 1º e 2º ciclo da região.
Outubro de 2011 a julho de 2013,a Associação Xarabanda participou como parceiro ativo no projeto COMÉNIUS RÉGIO PARTNERSHIPS “Património Cultural em Educação Artística – promover e valorizar a diversidade do Património Musical da Madeira e Galiza”, junto dos alunos e pessoal docente, em todas as atividade desenvolvidas em ações de formação, divulgação junto da comunidade e investigação sobre os instrumentos e música tradicional da Madeira.
No âmbito 30º Aniversário do Xarabanda, em parceria com CGEA, esta associação organizou uma exposição denominada “5 Olhares sobre o Património Musical Madeirense” num total de 100 objetos, acompanhado de um catálogo dos objetos. Os cinco olhares, representam cinco perspectivas importantes sobre a cultura musical histórica madeirense que nos últimos anos têm sido alvo de estudos etnológica e musicológicas. Esta, constitui um contributo essencial para reconstituição da história da música na Madeira com o objetivo não só mostrar, como também alertar para a necessidade de preservar a herança musical madeirense, que infelizmente se está a perder.
Em 2012, iniciou-se uma nova atividade na sede, Travessa das Capuchinhas, nº 4 relacionada com forção em viola de arame e rajão denominado “Oficina de Viola de Arame e Rajão” com o objetivos de contribuir, para a valorização e despertar o interesse e au mentar o número de praticantes para a prática dos cordofones tradicionais acima referidos, enquanto património Cultural da Região a preservar. Realizada no âmbito do protocolo de Cooperação de Interesse Cultural para o Município do Funchal celebrado entre a AMCXarabanda e Câmara Municipal do Funchal.
Os seguidores:
O trabalho do Xarabanda também deu frutos pelo aparecimento de outros grupos que, partindo dos mesmos pressupostos, seguiram caminhos diversos, sempre dentro da matriz genérica da tradição musical madeirense. As propostas têm ido desde seguir de forma bastante próxima a tradição recolhida até trabalhos essencialmente de criação original, dentro das características tradicionais, ou de novas sonoridades
Distinções:
1. 1988, “MÉRITO ARTÍSTICO”, atribuído pelo Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional do Turismo e Cultura, ao grupo de recolha e divulgação da música tradicional madeirense “Algozes;
2. 2006, “HOMENAGEM AO GRUPO XARABANDA”, atribuído pelo Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional do Turismo e Cultura, ao grupo Xarabanda, pelos relevantes serviços prestados na área da cultura – Património Musical Madeirense considerado de interesse cultural para a Região;
3. 2006 “PRÉMIO MÚSICA” atribuído pela RTP-Madeira e DN ao grupo Xarabanda na categoria de Música de Mérito Artístico;
4. PRÉMIO EDUCAÇÃO ARTÍSTICA 2011 atribuído à Associação Xarabanda pela DSEAM pelo trabalho desenvolvido em defesa e promoção do Património Musical da Região;
5. 2014 “EDUCAMÉDIA – EDUCAÇÃO ARTÍSTICA”, atribuído pelo GCEA/SRE à Associação Xarabanda pelo papel relevante de promoção das suas atividades de sensibilização sobre o património musical tradicional, nas escolas do 1º e 2º ciclo da Região;
6. 2018 “CARLOS SANTOS”, atribuído pela DSEAM/SRE à Associação Xarabanda pelo trabalho de promoção dos cordofones tradicionais madeirenses a nível regional e nacional, no âmbito do evento denominado “ACORDE!”;
7. 2018 MEMBRO OHONRÁRIO DA ORDEM DO MÉRITO, título atribuído pelo Presidente da República, Grão Mestre das Ordens Honoríficas Portuguesas, através do Gabinete do Representante da República Portuguesa na Madeira no 10 de junho, “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”;
8. 2019, “UMa reconhecimento 2019”, distinção de reconhecimento e homenagem à qualidade e empenho cultural, atribuída á Associação Xarabanda pelo Concelho de Cultura da Universidade da Madeira.